segunda-feira, 27 de abril de 2009

Entre equilíbrios e desequilíbrios

Com o sexto empate em oito jogos, Botafogo e Flamengo fizeram uma partida muito disputada, evidenciando o equilíbrio dos últimos encontros entre os dois clubes. O primeiro confronto pelas finais do Campeonato Carioca de 2009 foi marcado por propostas táticas muito semelhantes (ambos jogam num 3-5-2), ainda que durante os noventa minutos sofram pequenas variações da necessidade maior de atacar ou defender. Mas, o que realmente chama a atenção é o respeito, por vezes excessivo, entre os dois.
Um desses momentos de mudança de esquema foi incentivado pelo primeiro gol do Flamengo (Juan, de pênalti, aos 21 minutos do primeiro tempo). Com o placar adverso, o Botafogo passou a jogar num 3-4-3 e foi assim que chegou aos gols de empate e da vitória parcial no primeiro tempo. Em falta sofrida pelo artilheiro do campeonato, Juninho chutou forte e aos 37 empatou o clássico. Aos 43, Reinado virou para o Bota. No segundo tempo, mesmo com a entrada de Josiel, o rubro-negro continuou errando muito, o que não deixou o jogo menos eletrizante. Como só restava ao Fla buscar a igualdade no marcador, o time aumentou a pressão, deixando amplos espaços para o contra-ataque alvinegro. Mas, só após as saídas de Maicosuel e Reinado é que o panorama mudou e o domínio do vermelho e preto aumentou. A seis minutos do fim, em jogada individual, Willians igualou o placar em 2 a 2.
Outro ponto de equilíbrio é que rubro-negros e alvinegros fazem a terceira final consecutiva, com inversão de técnicos (Cuca dirigiu o Botafogo em 2007 e 2008; enquanto Ney Franco, o Flamengo em 2007) e o respeito mútuo: “O Ney tem feito um grande trabalho à frente do Botafogo e merece todo o nosso respeito”, destaca o técnico da Gávea; “O Cuca é muito competente e, além de ter trazido o Flamengo até essa decisão, fez um ótimo trabalho quando passou pelo Botafogo”, aponta o de General Severiano.
Em termos de desequilíbrio, o Botafogo saiu na frente. O primeiro ponto destoante foi a comemoração excessiva de parte da comissão técnica alvinegra, ao perceber a passagem do vice-presidente de futebol do Flamengo, Kleber Leite, à sua frente. O dirigente se encaminhava para o vestiário rubro-negro quando Reinaldo desempatou a partida em favor do Bota: “Deus seja louvado!”, berrou um dos assistentes do técnico Ney Franco. O que nos chamou a atenção foi o fato de estarmos no acesso às cabines de rádio e de TV, onde este tipo de manifestação não é esperado.Mas quem desequilibrou realmente na tarde deste domingo foi a torcida rubro-negra. Cantou, bateu as mãos, pulou, incentivou o time mesmo com placar adverso. Dos quase 60 mil pagantes, a nação tomou conta de 70 por cento do Maracanã – a torcida da estrela solitária parece não acreditar na possibilidade de o Botafogo chegar ao título. Num clássico marcado por tanto equilíbrio, a paixão que move essa legião de admiradores do “mais querido do Brasil” pode ser o diferencial na busca pelo título do Carioca de 2009.

Um comentário:

  1. Como diz o locutor do Maraca: "A torcida do Botafogo é show! Mas a do Flamengo é espetacular!!!"

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