sábado, 11 de julho de 2009

Vasco, ame-o e não o deixe!

Por Marcelo Ramos

Foi levando em consideração o novo tema da campanha da diretoria do Vasco da Gama, que aproximadamente treze mil torcedores puderam incentivar e vibrar com a vitória do time cruzmaltino ontem, no estádio de São Januário, contra o time da Ponte Preta, com o placar final de 3 a 0. Após a partida, a equipe carioca acredita ter se livrado de vez do incômodo jejum de vitórias que já durava oito jogos. O time do Vasco partiu pra cima da Ponte Preta logo no início da partida, fazendo uma marcação no campo do adversário e dando mostras de que queria logo resolver o jogo. A equipe paulista tentava sair nos contra-ataques, mas esbarrava na marcação dos meias e da zaga vascaína, com destaques para Nilton, Vilson e Souza, este último responsável por bons contra-ataques do time da casa. O time de São Januário abriu o placar aos 25 minutos com Robinho, em cruzamento de Fagner. O time dominava o meio de campo e mantinha a maior posse de bola, criando várias situações de gol, enquanto a Macaca tentava explorar jogada de bolas alçadas na área ou em chutes de longa distância, principalmente do lateral Edilson. No final do primeiro tempo, Souza fez excelente jogada e foi derrubado dentro da área, pênalti que Élton bateu e converteu. No segundo tempo, as ações se mantiveram, com a equipe carioca tocando a bola e marcando bem o time paulista, que ainda teve um jogador expulso. A Ponte levou perigo ao gol do Vasco em dois bons ataques que foram parados pelas defesas de Fernando Prass. O time vascaíno continuou se impondo em campo e administrando a partida. Já no fim, Magno que entrou no lugar de Robinho, fez um excelente passe para Élton marcar seu segundo gol, voltar a ser ovacionado pela torcida e dar moral ao time que precisava de uma boa vitória para retomar o caminho rumo à primeira divisão do campeonato brasileiro.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Bons ventos da Copa das Confederações

Depois de um insosso empate com o Fluminense no domingo passado, o Flamengo voltou a vencer no Campeonato Brasileiro. Desta vez, o adversário foi o Vitória, um time bem armado por Paulo César Carpegiani. Jogando no Engenhão, o rubro-negro carioca poderia ter tornado sua vida um pouco mais fácil logo aos 18 minutos, não fosse o erro do árbitro Nielson Nogueira Dias, que anulou um gol legítimo de Adriano. Mas, aos 26, recebendo ótimo lançamento de Kleberson, Juan chutou para abrir o marcador. E por falar em Kleberson, a Seleção Brasileira deve ter feito bem a ele. O poiador correu, desarmou, deu lançamentos e chutes ao gol baiano, fazendo uma bela partida. Influenciados pelo penta campeão do mundo, os comandados de Cuca pareciam que resolveriam o jogo ainda na primeira etapa. Não foi o que aconteceu. Veio o segundo tempo, com Vitória melhor organizado em campo, e o gol de empate. Roger, aos 15, cabeceou, após nova bobeira da zaga carioca. Quando o time começava a ser apupado pela torcida, Emerson (aos 22), após um bate-rebate na área, chutou sem defesa para o goleiro Viáfara, dando números finais ao jogo. Não fosse o pênalti perdido por Ibson, o Fla poderia ter ampliado para 3 a 1. Com o resultado dos jogos da nona rodada, o time da Gávea passou a ocupar a quinta posição.
E por falar em posição na tabela, o Botafogo continua amargando a zona de rebaixamento. Dessa vez, o time só empatou com o Atlético Mineiro (1 a 1), jogando no Mineirão. Esse foi o quarta empate do glorioso, que venceu apenas em uma oportunidade (2 a 0 contra o Santos) e perdeu as outras quatro partidas.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Nem Freud explica o que está acontecendo

Por Marcelo Ramos

O que está acontecendo com o Vasco da Gama? O que tem deixado o time tão nervoso no momento maior do futebol, o gol? O time está triste, sem alegria. Para tentarmos explicar isso, vamos relembrar o início do ano. O time foi totalmente reformulado com a contratação de novos jogadores e o aproveitamento, mesmo que mínimo, de alguns atletas que haviam participado da queda do clube para a segunda divisão. Lembro-me que durante a pré-temporada no Espírito Santo havia rumores de que Fernandinho iria deslanchar, que Pimpão iria ser a surpresa do Campeonato Carioca e a sensação da série B, Elton, reviveria com Jeferson a dupla goleadora do Santo André, no ano passado. Essas e outras apostas infelizmente não se concretizaram, isso sem falar do Aloísio Chulapa que ainda não estreou, apesar de estar treinando em São Januário há meses. O time cruzmaltino não é dos piores, por isso também não perde, mas no futebol não vivemos apenas de empates, pois se assim fosse uma equipe não cairia, mas também não conseguiria subir à série principal, muito menos ser campeã. Uma boa surpresa é o goleiro Fernando Prass, que segurou firme a oportunidade e hoje é quase unanimidade entre os torcedores vascaínos e também o lateral esquerdo Ramon, outro que demonstra habilidade e regularidade durante os jogos. A zaga melhorou em relação ao ano passado, mesmo havendo a troca dos jogadores deste setor durante a temporada, mantiveram-se as boas apresentações. O meio campo é um setor que está carente, pois depende muito do Carlos Alberto e quando este não joga, o time fica sem poder de criação. Foram testados vários nomes para esta faixa de campo, porém nenhum deles se acertou e dividiu a responsabilidade com o capitão. No setor de meio campo, Amaral voltou muito bem e montou com Nilton uma boa dupla, apesar do segundo não estar conseguindo manter uma regularidade. No ataque, Elton começou muito bem a temporada, animando à torcida e fazendo gols decisivos, mas caiu vertiginosamente de produção e hoje é quase que execrado pela torcida. Rodrigo Pimpão não parece ser uma promessa, acredito que ele tenha pulado etapas de aprendizado da técnica, porque é apenas um jogador esforçado, e muitas vezes não leva perigo à defesa adversária, sendo constantemente desarmado pelos zagueiros. O técnico Dorival Junior, que é um bom treinador, deve começar a mudar seu esquema de jogo, pois está previsível e sabemos que o time depende de um só homem e que os demais, tirando a defesa, estão em processo de declínio. É preciso força e perseverança para que o time dê a volta por cima e volte a ter a alegria de jogar e reconquistar a confiança do torcedor.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Será que a Seleção Brasileira convenceu?

Por Marcelo Ramos

Fim da Copa das Confederações e fica uma pergunta: será que a Seleção Brasileira de futebol convenceu? Tudo bem que fomos campeões; eliminamos a Itália, atual campeã mundial, e fizemos um bom jogo contra os Estados Unidos (de quem já havíamos ganhado por 2 a 0 na fase de classificação). Mas, será que essa competição serviu para mostrar que somos mesmo os melhores, criando a falsa impressão de que já estamos com o nosso selecionado pronto para a copa de 2010? Analisando friamente, ainda percebo que estamos com um bom time, mas longe de ser considerado o melhor, basta que vejamos a irregularidade com que viemos disputando as eliminatórias da próxima Copa do Mundo (e isso contra adversários bem mais fracos tecnicamente em relação às outras seleções, principalmente as da Europa). O Dunga não pode ser considerado o pior dos técnicos que já passou pela seleção canarinho, mas sabemos também que existe uma forte influência do Jorginho, que pelo menos já havia treinado um time de futebol antes de assumir o compromisso com a CBF. Quanto aos jogadores, citarei alguns exemplos. Não contesto Julio Cesar e nem o Victor, mas o Gomes não poderia ser chamado antes do Bruno (Flamengo), que já provou mais de uma vez que deveria ter chance. Não acho que o Maicon jogue tudo o que dizem que joga, é esforçado, às vezes consegue um bom cruzamento e chuta bem, mas para por ai. Precisa de algo mais, de ginga, de bom toque de bola. O Lúcio de repente se tornou o salvador da pátria, até acho que ele foi bem nessa competição, mas não creio que jogue tanto assim para ser “endeusado”, tanto que até o seu time o liberou. Robinho é sombra do que já foi um dia, mas não vem sendo o jogador de outrora, seu rendimento caiu muito. André Santos é comum, não demonstrou o porquê de estar na seleção. O Ramirez demonstrou personalidade, mas em alguns momentos pagou pela sua pouca idade, mas é um bom jogador e deve permanecer. O Felipe Mello é um jogador vigoroso, mas até pouco tempo não me lembro de ninguém pedindo ele na seleção. Kaká é um jogador acima da média, mas não me lembro de chamar o jogo para ele e nem de fazer a diferença, assim como faziam Romário, Zico, Pelé, Ronaldo, dentre muitos outros. Ele muitas vezes joga pra ele, carrega a bola e tenta driblar e concluir (pode-se observar isso várias vezes durante os jogos da Seleção). O Luis Fabiano é matador nato, sempre procura jogo e tem faro de gol, é presença certa na copa de 2010. E finalmente, as perguntas que não querem calar: Qual a função do Gilberto Silva? E o Elano, será que ele é melhor do que o Ronaldinho Gaúcho, mesmo este estando em má fase? Pensemos nisso para não gastarmos nossas economias com bandeiras, camisas, pinturas nas ruas e etc, e mais tarde termos nova decepção. Torço para que façamos uma boa Copa do Mundo.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

E por falar em emoção e certeza...

Quebrando um pouco da lógica das postagens do DANDO BOLA, gostaria de registrar as palavras indignadas de um grande companheiro de “batalha jornalística”, Bruno Martins, pois creio que elas refletem um pouco da indignação geral que toma conta de profissionais e estudantes que suam para aprimorar-se diuturnamente para levar a leitores, ouvintes e telespectadores informações com credibilidade. Como destacou Bruno: “Não cruzemos os braços diante de tamanho ‘mau-caratismo’ de meia dúzia de engravatados! Façamos barulho, pois, somos jovens. Se tivemos o poder de um dia travarmos uma batalha árdua e sairmos vitoriosos como no impeachment de um presidente, agora não deve ser diferente. E quando falo ‘jovens’, estou relacionando os que estão começando essa batalha, de um dia tornar-se um jornalista renomado em sua área, aquele que dispõe de olheiras, que formam a marca do tempo que dedicaram ao jornalismo ou mesmo os que sofreram com o poder da antiga ditadura. Não deixe a nova ditadura acabar com o nosso sonho. É NOSSO SONHOOOOO! Pra dar certo, basta darmos as mãos e acreditar. Da mesma forma que os Detonautas em suas manifestações distribuem abraços, podemos distribuir aperto de mãos, saudando um co-irmão, que acredita no ideal assim como nós! Se você for do time que tem a minimização da situação e vai dizer o já manjado ‘Não adianta nada! São todos corruptos! O Brasil não tem jeito!’ Ou ainda, se tiver a audácia de pegar os folders das faculdades e começar a procurar outro curso para graduar-se, saia da sala agora, é sinal que você não acredita nos amigos, no professor que está a sua frente e nem mesmo em você, pois, está desistindo de um sonho! Imaginemos se o padeiro da sua esquina tivesse que fazer uma cirurgia de órgãos em um parente seu! É, amigo. Não é pra assustar companheiro. É a dura realidade. Ou descruzamos os braços agora, ou vamos assistir sentados a pessoas que vão trucidar a língua portuguesa por aí, e vão dizer que são jornalistas. Assim como nós”.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Emoção e certeza de estar no caminho certo

Por Marcelo Ramos

Na última segunda-feira, estive no programa Globo Esportivo da Rádio Globo do Rio de Janeiro. Pude conhecer o garotinho, José Carlos Araújo, pessoa simpática e de alto astral, além dos estúdios da emissora. Isso só aconteceu em função estar fazendo um curso de Reportagem Esportiva na Escola de Rádio e pelo fato do meu professor ser o radialista Eraldo Leite, este de caráter espetacular e de uma simplicidade e um profissionalismo maravilhoso. Éramos um grupo com seis pessoas, ávidas em aprender como se realiza um programa de rádio ao vivo. Fomos muito bem recebidos por todos (apresentadores, produtores, operadores, repórteres, etc.) e conseguimos aprender um pouco do que é necessário para se levar aos ouvintes as notícias esportivas do dia. Enquanto estava naquele local (para os apaixonados por esporte, de pura magia), me senti emocionado por estar presente em um ambiente que só podia apenas imaginar. Mas, enfim, pude compartilhar deste que seria um dos melhores dias de minha vida. Isso tudo somado às “feras” que tive o prazer de ver e ouvir, como, Rafael Marques, André Marques, Thaissa Bravo e Álvaro de Oliveira Filho (Rádio CBN). Naquele momento, percebi que o que estava fazendo era de fato realizar um sonho e entender que estava no caminho certo, caminho este que desejo para o meu futuro e que estarei aproveitando cada minuto, cada momento e cada ensinamento que possa estar recebendo neste curso e pelos outros que virão, porque não desejo parar, mas sim me aprimorar cada vez mais para que alcance um dia a felicidade de estar trabalhando nessa “fábrica de sonhos”. Gostaria de deixar aqui registrado o meu agradecimento a uma pessoa que está me dando o maior incentivo e também apoio em meus primeiros passos como repórter, cronista e comentarista esportivo, é o meu amigo e irmão Wilson Couto Borges, exemplo de dignidade e de profissional dedicado àquilo que faz. Sem a ajuda dele, talvez não pudesse realizar e nem me permitir sonhar mais com o futuro que certamente virá.

domingo, 21 de junho de 2009

Uma cronista do futuro

Na noite deste domingo, o Maracanã me permitiu experimentar uma emoção especial. Não. Não foi a vitória de 4 a 0 sobre o Internacional/RS (que, aliás, havia eliminado o rubro-negro nas quartas de final da Copa do Brasil). Tampouco a festa da torcida, que compareceu em pouquíssimo número (próximo de 17 mil presentes). O que me fez ficar vidrado foi a “atuação” da minha sobrinha (e afilhada) Mylena. Ela cresceu e do alto de seus maduros dez anos fez perguntas, “apurou”, fotografou, para registrar informações sobre essa “cobertura jornalística” (o que deixaria muito marmanjo boquiaberto). Entremeados sempre por um tio, seus questionamentos iam desde “o Adriano é aquele camisa 90 ali?”; “quantos cartões o Flamengo levou?”; “e o Inter?”; “no segundo tempo, será que o Flamengo vai fazer mais três?”. Não menos importante foi o tom de avaliação: “tio, com três gols, Adriano é o melhor em campo. Mas, se não tivesse feito, eu ia escolher aquele camisa 28 ali (Fabrício) ou o 21 (Toró). Eles correram pra caramba”. Ao final da partida, só lamentei não poder levar Mylena para a entrevista coletiva. Afinal, com toda essa curiosidade e a atenção com que acompanhou ao jogo, ela fatalmente faria Cuca e Tite, por exemplo, se espantarem. Assim, uma vez mais, gostaria de deixar registrado meu apoio e incentivo a mais esse importante projeto (Cronista do Futuro) desenvolvido pela Associação dos Cronistas Esportivos do Rio de Janeiro que, hoje, marcou profundamente minha história.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Transformando idéias em ação

Notícia elaborada por Pedro Ferreira

Realizado entre os dias dois e quatro de junho, o Comunicação em Foco é um evento organizado pelos alunos do terceiro período de Publicidade e Propaganda (PP), da Universidade Salgado de Oliveira, em Niterói, sob a orientação da professora Francilene Mattos. O tema desse ano foi “Transformando idéias em ação” e contou com a presença de mais de 500 pessoas na Sala Universo. Se por um lado alguns a organização do evento melhorou, para outros ela deixou a desejar. Na opinião de Márcio Kleber (quinto período de PP), tudo estava muito interessante: “Os alunos que organizaram o Comunicação em Foco estão se superando cada vez mais” elogia. Mas, para Guilherme Souza (estudante do quarto de Jornalismo) a avaliação é outra: “Precisei fazer uma pesquisa para entrevistar os convidados do dia, consultei os organizadores do evento e eles não sabiam me dar qualquer informação” reclama. O Gestor do Curso de Comunicação, Waldvogel Gregório, gostou muito do que viu. Ressaltou a importância da participação dos alunos como forma de adquirir mais conhecimento. Quanto ao evento em si, quem o abriu foi a assessora de imprensa, Cláudia Carvalho, que deu várias dicas do mercado de trabalho em assessoria. O economista Marcos Prado fechou o primeiro dia falando sobre “A era da destruição criativa, conhecimento e profissão no sec. XXI”. No segundo dia, a professora da casa, Rosane Pereira, lançou seu livro ”Discurso em Publicidade”, palestrando também sobre a “Linguagem do publicitário brasileiro”. Rodrigo Clemente encerrou as atividades de forma bastante inusitada, saiu da mesa, foi bem perto dos alunos. Fez brincadeiras e descontraiu o ambiente, falando sobre a “Criatividade e inovação no mercado jovem”. Já o fotógrafo Luiz Alvarenga iniciou o ultimo dia exibindo o documentário “Baixando a máquina”, que discute limites éticos e os ricos na profissão. Fechando o encontro, Wagner Montes, muito bem humorado, respondeu a diversas perguntas sobre sua vida e contou curiosidades dos seus mais de 30 anos na televisão. Para surpresa de muitos lá presentes, o apresentador revelou não ser jornalista (como a organização do evento divulgou), mas sim bacharel em Direito. Atendendo ao pedido feito pelos alunos, o comunicador encerrou o Seminário com seu famoso bordão “Escraaaaaaaaaaaacha”, arrancando gargalhadas e sendo aplaudido de pé.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

A estupidez humana

Gostaria de me manifestar sobre a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) quanto ao fim da obrigatoriedade do diploma para exercício da profissão de jornalismo. Em pleno século XXI, creio que não caiba mais falar em essencialismo, como preferem alguns, ao anunciar o “espírito jornalístico”, dando conta de que ou você nasce sendo um jornalista ou deve buscar outra coisa para fazer. Poderia talvez enveredar pela justificativa de que existem jornalistas (sem diploma) que exercem de maneira formidável a profissão. A explicação para esse segundo ponto acabaria repousando também no “espírito”. Mas será que basta ser um homem das letras (escrever razoavelmente bem) para ser um bom jornalista? Ou estar no “mercado” já é uma justificativa em si mesma?
De todos os argumentos toscos que tive a oportunidade de ler, um, em especial, me chamou particularmente a atenção. Escrevendo em seu blog, uma estudante de jornalismo (que já se qualifica como profissional) defende abertamente o fim da obrigatoriedade do diploma para jornalismo, principalmente porque agora “não precisarei me identificar como estagiária, mas sim como jornalista”, uma vez que “depois que passei da metade da graduação já não dava muita importância ao curso porque o mercado já me ensinava”. Por essa jovem aberração gostaria de dar meus parabéns ao STF. Explico. Já soube de algum médico que, na metade da graduação de medicina, mandou o estudante ir até o paciente e operá-lo? Ou um engenheiro fazer o mesmo como um estudante de engenharia? Ah, mas deve ter acontecido com um advogado que, vendo seu aluno hiperpreparado, mandou-o a uma audiência defender uma causa? Provavelmente isso não aconteceu. E por quê? Porque entende-se que o ensino superior qualifica o profissional técnica e humanisticamente. Isso significa dizer, trocando em miúdos, que o exercício da profissão deve requerer habilidades e competências que compreendem a técnica, mas estão para além dela.
A despeito de desunião classista (e ela existe), existe contemporaneamente um movimento do mercado que tenta absorver tudo pagando cada vez menos. Existem também empresas que mantêm em seus quadros jornalistas “enquadrados” com estagiários – maneira interessante de fugir do piso que o sindicato propõe (R$ 3.921,00 para cinco horas de trabalho e R$ 6.273,00 para sete). Como será remunerado o profissional que cursou quatro anos de formação superior, mas que não necessita mais do diploma para ser contratado? Ah, provavelmente a empresa pagará até mais que o piso!? Outro problema que vislumbro é o “aumento” da massa crítica daqueles que serão sem nunca terem sido. Lembro-me que, nos idos da última década, lendo a revista de maior circulação nacional, diante de um conturbado momento político-econômico que o país vivia o repórter sentenciou: “Todo esse problema se dá em função da estupidez humana”. Pronto, não havia reflexão sociológica, antropológica, filosófica, econômica, social que consubstanciasse as declarações daquele “arguto” profissional. Ou seja, minha proposta é que busquemos compreender os fenômenos em suas múltiplas facetas, mesmo em casos como o dessa decisão do STF, para que um movimento reacionário como esse não caia no esquecimento. Mas, podemos também sintetizar é dizer: mais uma vez estamos diante de um caso de estupidez humana.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

De dignidade à criminalidade

Quando assumiu a Presidência da República, o ex-metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva falou à nação que sua principal meta era acabar com a fome, dando um mínimo de dignidade aos brasileiros. Para o presidente, fazer três refeições deveria ser um direito de toda população e ele lutaria por isso. Pois bem, passamos quatro anos de seu primeiro governo, estamos no terceiro ano de sua reeleição e ainda existem pessoas neste país que lutam para comer. Por ingerência ou não do nosso principal mandatário, algumas instituições religiosas e Ong’s desenvolvem um trabalho bastante interessante que vai ao encontro dos ideais de Lula, oferecendo alimento às pessoas que vivem na “M” (margem da sociedade). Tivemos a oportunidade de acompanhar de perto a alegria de seres humanos que viam no famoso “Sopão” a chance de fazer ao menos uma refeição. Mas, vivemos num estado (RJ) onde tudo conspira para a criminalidade. Tenho ouvido e lido informações de que “moradores de região carente protegem narcotraficantes”, “os pedófilos estão associados aos narcotraficantes”, ou ainda “que a pirataria de produtos fomenta o narcotráfico”. Se já achávamos esses argumentos um pouco exagerados, o que dizer da nova pérola produzida pelo secretário municipal de Ordem Pública, Rodrigo Bethlem. Para ele, as pessoas que distribuem comida a moradores de rua acabam contribuindo para a permanência das pessoas nas ruas, “porque muitos se recusam a seguir para os abrigos porque não querem perder o sopão”. Confesso que já não via com bons olhos a expressão “choque de ordem”, para mim um eufemismo para a idéia de aumento da repressão contra os menos favorecidos. Pobre, pedófilo, pirataria e proteção (que não é dada pelo Estado) viraram contributos para a rubrica da criminalidade do século XXI: narcotraficante. É bom que estejamos de olhos bem abertos, pois essa investida contra o trabalho social acaba revelando um forte cunho fascista, afinal dar comida (para a gestão pública da cidade do Rio) deixa de ser reconhecimento de dignidade para se converter em incentivo à criminalidade.