Gostaria de me manifestar sobre a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) quanto ao fim da obrigatoriedade do diploma para exercício da profissão de jornalismo. Em pleno século XXI, creio que não caiba mais falar em essencialismo, como preferem alguns, ao anunciar o “espírito jornalístico”, dando conta de que ou você nasce sendo um jornalista ou deve buscar outra coisa para fazer. Poderia talvez enveredar pela justificativa de que existem jornalistas (sem diploma) que exercem de maneira formidável a profissão. A explicação para esse segundo ponto acabaria repousando também no “espírito”. Mas será que basta ser um homem das letras (escrever razoavelmente bem) para ser um bom jornalista? Ou estar no “mercado” já é uma justificativa em si mesma?
De todos os argumentos toscos que tive a oportunidade de ler, um, em especial, me chamou particularmente a atenção. Escrevendo em seu blog, uma estudante de jornalismo (que já se qualifica como profissional) defende abertamente o fim da obrigatoriedade do diploma para jornalismo, principalmente porque agora “não precisarei me identificar como estagiária, mas sim como jornalista”, uma vez que “depois que passei da metade da graduação já não dava muita importância ao curso porque o mercado já me ensinava”. Por essa jovem aberração gostaria de dar meus parabéns ao STF. Explico. Já soube de algum médico que, na metade da graduação de medicina, mandou o estudante ir até o paciente e operá-lo? Ou um engenheiro fazer o mesmo como um estudante de engenharia? Ah, mas deve ter acontecido com um advogado que, vendo seu aluno hiperpreparado, mandou-o a uma audiência defender uma causa? Provavelmente isso não aconteceu. E por quê? Porque entende-se que o ensino superior qualifica o profissional técnica e humanisticamente. Isso significa dizer, trocando em miúdos, que o exercício da profissão deve requerer habilidades e competências que compreendem a técnica, mas estão para além dela.
A despeito de desunião classista (e ela existe), existe contemporaneamente um movimento do mercado que tenta absorver tudo pagando cada vez menos. Existem também empresas que mantêm em seus quadros jornalistas “enquadrados” com estagiários – maneira interessante de fugir do piso que o sindicato propõe (R$ 3.921,00 para cinco horas de trabalho e R$ 6.273,00 para sete). Como será remunerado o profissional que cursou quatro anos de formação superior, mas que não necessita mais do diploma para ser contratado? Ah, provavelmente a empresa pagará até mais que o piso!? Outro problema que vislumbro é o “aumento” da massa crítica daqueles que serão sem nunca terem sido. Lembro-me que, nos idos da última década, lendo a revista de maior circulação nacional, diante de um conturbado momento político-econômico que o país vivia o repórter sentenciou: “Todo esse problema se dá em função da estupidez humana”. Pronto, não havia reflexão sociológica, antropológica, filosófica, econômica, social que consubstanciasse as declarações daquele “arguto” profissional. Ou seja, minha proposta é que busquemos compreender os fenômenos em suas múltiplas facetas, mesmo em casos como o dessa decisão do STF, para que um movimento reacionário como esse não caia no esquecimento. Mas, podemos também sintetizar é dizer: mais uma vez estamos diante de um caso de estupidez humana.
De todos os argumentos toscos que tive a oportunidade de ler, um, em especial, me chamou particularmente a atenção. Escrevendo em seu blog, uma estudante de jornalismo (que já se qualifica como profissional) defende abertamente o fim da obrigatoriedade do diploma para jornalismo, principalmente porque agora “não precisarei me identificar como estagiária, mas sim como jornalista”, uma vez que “depois que passei da metade da graduação já não dava muita importância ao curso porque o mercado já me ensinava”. Por essa jovem aberração gostaria de dar meus parabéns ao STF. Explico. Já soube de algum médico que, na metade da graduação de medicina, mandou o estudante ir até o paciente e operá-lo? Ou um engenheiro fazer o mesmo como um estudante de engenharia? Ah, mas deve ter acontecido com um advogado que, vendo seu aluno hiperpreparado, mandou-o a uma audiência defender uma causa? Provavelmente isso não aconteceu. E por quê? Porque entende-se que o ensino superior qualifica o profissional técnica e humanisticamente. Isso significa dizer, trocando em miúdos, que o exercício da profissão deve requerer habilidades e competências que compreendem a técnica, mas estão para além dela.
A despeito de desunião classista (e ela existe), existe contemporaneamente um movimento do mercado que tenta absorver tudo pagando cada vez menos. Existem também empresas que mantêm em seus quadros jornalistas “enquadrados” com estagiários – maneira interessante de fugir do piso que o sindicato propõe (R$ 3.921,00 para cinco horas de trabalho e R$ 6.273,00 para sete). Como será remunerado o profissional que cursou quatro anos de formação superior, mas que não necessita mais do diploma para ser contratado? Ah, provavelmente a empresa pagará até mais que o piso!? Outro problema que vislumbro é o “aumento” da massa crítica daqueles que serão sem nunca terem sido. Lembro-me que, nos idos da última década, lendo a revista de maior circulação nacional, diante de um conturbado momento político-econômico que o país vivia o repórter sentenciou: “Todo esse problema se dá em função da estupidez humana”. Pronto, não havia reflexão sociológica, antropológica, filosófica, econômica, social que consubstanciasse as declarações daquele “arguto” profissional. Ou seja, minha proposta é que busquemos compreender os fenômenos em suas múltiplas facetas, mesmo em casos como o dessa decisão do STF, para que um movimento reacionário como esse não caia no esquecimento. Mas, podemos também sintetizar é dizer: mais uma vez estamos diante de um caso de estupidez humana.
Apoiadíssimo!!!!
ResponderExcluirMuito bom post. Triste ver o pouco valor que os jornalistas - que apoiam a decisão do STF - conferem ao saber que lhes foi ofertado nas universidades. Se o mercado forma porque gastar tempo e dinheiro com teoria, não é mesmo? A estes o lema é o inatismo e a prática. Para o resto basta um bate-papo na mesa de um bar.
ResponderExcluirConcordo plenamente!
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