quinta-feira, 28 de maio de 2009

Um Coliseu Moderno

A noite desta quarta feira me fez lembrar os grandes espetáculos romanos, quando nobreza, astros, plebe e feras compareciam para assistir àquele que era o principal atrativo da época. Evidentemente, trata-se de uma alegoria que proponho para dar conta do que representou a partida entre Vasco e Corinthians pelas semifinais da Copa do Brasil. Isso porque, apesar da distância histórica e geográfica, foi assim que enxerguei o Maracanã nesse empate em 1 a 1 entre as duas equipes. Não posso negar que, além do olhar que fica vidrado no campo, a atenção também se dirige para fora das quatro linhas. Comecemos então pela galera (plebe). Foi emocionante assistir ao agito das bandeiras, aos cantos entoados por vascaínos e corintianos – é bem verdade que, dos mais de 72 mil presentes, uma ampla maioria torcia pelo clube carioca, numa festa lindíssima que os jogadores (astros) corresponderam em campo, com muita determinação, disciplina tática e lampejos de criatividade, como foi a lindíssima jogada de Elton no gol de empate cruzmaltino (marcado por Rodrigo Pimpão). Do ponto de vista da organização dentro do gramado, o Coringão foi superior a maior parte do tempo, o que fica evidente a partir da vantagem conseguida no primeiro tempo quando, aos 29, Dentinho abriu o placar para a equipe paulista.
Há também outro ponto que me emociona muito: é quando tenho a oportunidade de levar ao maior do mundo jovens iniciantes que buscam um lugar nesse competitivo mercado de trabalho – competitivo pela abundância de talentos e de preconceito. Ao chegarmos, um primeiro contato com a realeza. Nada mais, nada menos que o maior ídolo vascaíno se juntou a nós para um aperto de mão e uma foto. Ele mesmo, Roberto Dinamite deu um show de simplicidade, simpatia e encorajamento para aquele grupo que estava lá para, antes de tudo, aprender. Mais uma vez, a organização foi um ponto altíssimo: a ACERJ e a FERJ têm sido importantes parceiros nesse projeto de abrir portas para essa “nova geração”. Entrando nas cabines de rádio e de TV, outro ídolo, só que dessa vez corintiano. Do lado de fora da Band, Neto teve comportamento idêntico ao de Roberto. Para a turma, um mix de alegria e entusiasmo tomava conta de todos. Mas, quem achou que eu tinha esquecido feras se enganou. Para fera, o dicionário Aurélio reserva a seguinte definição: (1) animal bravio e carnívoro, (2) pessoa muito cruel. Pois bem, apesar de em número extremamente reduzido (diferente do que acontecia no coliseu romano), eles também vão ao Estádio Mário Filho. Daí que, só sendo um animal muito cruel para desferir toda sua carga de preconceito ao verborrar: “lá vem estes estudantes novamente...” Para não me alongar, fico imaginando se tamanha dose de preconceito foi aprendida na universidade, quando foram estudantes.

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